Hábitos mediterrâneos reduzem mortalidade por todas as causas mesmo em quem não vive na região, diz estudo
Dieta mediterrânea

A dieta mediterrânea tem se tornado cada vez mais popular. E não é à toa, já que oferece uma grande variedade de benefícios à saúde. Desse modo, promovendo melhor qualidade de vida, maior aporte de nutrientes, prevenção de doenças crônicas e até contribuindo com a perda de peso.

Dieta Mediterrânea

“A dieta mediterrânea é caracterizada pelo alto consumo de alimentos como frutas, verduras, legumes, cereais, leguminosas como grão-de-bico e lentilha, oleaginosas como amêndoas e nozes, peixes, leite e derivados, incluindo iogurte e queijos. Vinhos, azeite de oliva e uma enorme variedade de ervas também estão liberadas nessa dieta. Além disso, deve-se consumir pouca carne vermelha, gorduras de origem animal, produtos industrializados e alimentos ricos em gordura e açúcar”, explica a Dra. Caroline Reigada, nefrologista especialista em Medicina Interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em Nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Porém, embora os benefícios à saúde do estilo de vida mediterrâneo já tenham sido bem estudados, poucas pesquisas foram realizadas sobre a realização desses hábitos fora de sua região de origem.

O Estudo

Mas essa situação foi corrigida com a publicação de um estudo em agosto no periódico Mayo Clinic Proceedings, que mostrou que o estilo de vida mediterrâneo não apenas é capaz de reduzir o risco de mortalidade por todas as causas, como também pode ser perfeitamente transferido para outras regiões do mundo, com todos os benefícios. “O estudo mostra que é possível que populações não mediterrâneas adotem esse estilo de vida e conquistem seus benefícios com produtos disponíveis localmente e em seus próprios contextos culturais e sociais”, destaca a médica.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram o estilo de vida de mais de 110 mil pessoas entre 40 e 75 anos que vivem no Reino Unido. A análise foi feita com base em três categorias: ingestão de alimentos específicos da região mediterrânea, adoção de hábitos alimentares, como limitação do consumo de sal, e adesão a práticas saudáveis, como cochilos regulares, atividade física e socialização. Assim, cada um desses itens recebeu uma pontuação, sendo que, quanto maior pontuação de um indivíduo, maior a adesão ao estilo de vida mediterrâneo.

Quando os pesquisadores retomaram o estudo após nove anos para avaliar a saúde dos participantes, foi possível observar uma relação inversa entre a adesão ao estilo de vida mediterrâneo e o risco de mortalidade. Por exemplo, participantes com uma maior pontuação apresentaram risco 29% menor de mortalidade por todas as causas e 28% menor de mortalidade por câncer em comparação com aqueles com menor pontuação de adesão ao estilo de vida mediterrâneo.

Redução no risco de mortalidade

E mesmo a adesão a apenas uma das categorias citadas já foi capaz de resultar em uma redução no risco de mortalidade. Especificamente, a categoria composta por atividade física, descanso e hábitos sociais foi a principal associada a diminuição desses riscos. Além,  de também ter relação a uma redução mais significativa do risco de mortalidade por doenças cardiovasculares. “Isso nos mostra que não é preciso modificar todo o seu estilo de vida de uma única vez. A mudança gradual dos hábitos de vida, com pequenos passos, já apresenta grandes benefícios para a saúde do organismo. Além disso, torna esse processo muito mais fácil”, destaca a especialista.

Segundo a Dra. Caroline Reigada, para além de confirmar os benefícios desse tipo de estilo de vida e mostrar sua aplicabilidade em regiões fora do mediterrâneo, o estudo serve para reforçar a importância de um cuidado integral com a saúde.

Médicos e pacientes

“Estar saudável não significa apenas estar livre de doenças. A adoção de um estilo de vida saudável, como o destacado pelo estudo, também faz parte desse conceito de saúde. Afinal,  nossos hábitos diários possuem um grande impacto em todo o organismo. Assim, ajuda a prevenir e tratar doenças e a reduzir a mortalidade, mas também melhora a qualidade de vida como um todo. É importante então que não apenas pacientes, mas também médicos estejam atentos a essa questão para enxergar o paciente de maneira globa. Assim, auxilia-los a melhorar seu estilo de vida de forma a contribuir com a prevenção de doenças e com a manutenção da saúde”, finaliza a Dra. Caroline Reigada.

FonteONTE: Dra. Caroline Reigada- Médica nefrologista, especialista em Medicina Interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em Nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A médica é especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, a Dra. Caroline Reigada participa periodicamente de cursos e congressos, além de ter publicado uma série de trabalhos científicos premiados. Participou do curso “The Brigham Renal Board Review Course” em Harvard. Atualmente é médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Instagram: @dracaroline.reigada.nefro