Feijão fradinho, cebola e sal. Talvez você não esteja familiarizado com os ingredientes, mas fritos no azeite-de-dendê esses alimentos são a base para uma das iguarias mais célebres da culinária afro-brasileira: o acarajé. O bolinho faz parte do conjunto de heranças culturais disseminadas pela população africana no país. A continuidade dessa tradição ao longo dos séculos se deve, em grande parte, à dedicação das baianas do acarajé, que tornaram o preparo e a venda desse quitute o seu ofício de vida.

No Dia Nacional das Baianas de Acarajé, 25 de novembro, a data vai ser celebrada no Rio de Janeiro (RJ) com uma missa, às 11h, na Igreja de Santa Rita, localizada no Centro da cidade. Sob influência das baianas, a liturgia ganha novas roupagens em momentos como o ofertório e a escolha dos cantos.

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Após os ritos religiosos, uma confraternização na Praça Rosas Negras, também situada no Centro, dá sequência ao evento, embalada por uma roda de samba com o grupo Pastoras do Aquilah, às 14h.

Além de expor os tabuleiros de acarajé, as baianas vão conduzir uma roda de conversa com o tema “Desenvolvimento e Sustentabilidade da Baiana de Acarajé”, às 15h. Participam da discussão as detentoras, representantes do Iphan-RJ, da Coordenadoria Executiva de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura do Rio (Cepir) e do Conselho Estadual dos Direitos dos Negros (Cedine). As atividades encerram às 17h.

Aberto ao público, o evento é realizado pelo Comitê Gestor da Salvaguarda do Ofício das Baianas de Acarajé, em conjunto com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia federal vinculada à Secretaria Especial da Cultura e ao Ministério do Turismo. A iniciativa conta ainda com o apoio do Cedine, da Prefeitura do Rio de Janeiro e do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac).

O Ofício das Baianas de Acarajé

Em 2005, o Iphan registrou o Ofício das Baianas de Acarajé, no Livro dos Saberes, como Patrimônio Cultural Brasileiro. Esse bem de natureza imaterial está alicerceado em uma série de simbolismos e expressões culturais, mais extensos do que o bolinho em si. No universo do candomblé trata-se de comida sagrada, ofertada ritualisticamente aos orixás.

Para muitas baianas, a venda do acarajé constitui o principal meio de sustento próprio e da família, reforçando a autonomia das mulheres. O traje da baiana contribui para a aura que permeia o ofício. Turbante, saias armadas, rendas e fitas se distribuem em complexa montagem de panos com significados distintos.

Fonte: assessoria de imprensa