Pesquisa do IDEC: alimentos ultraprocessados também carregam resíduos de agrotóxicos e aponta as marcas de requeijão e nuggets com veneno

Quando pensamos em “Agrotóxico” relacionamos o termo às substâncias utilizadas na agricultura para controlar pragas e doenças que podem afetar as plantações. Mas de acordo com a pesquisa “Tem veneno neste pacote”, realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), os alimentos ultraprocessados também carregam resíduos de agrotóxicos.  Nesse sentido, a pesquisa do IDEC teve sua publicação no Atlas dos Agrotóxicos, em 2023, originalmente em Berlim, pela sede da Fundação Heinrich Böll. O Atlas analisa fatos e dados do uso dessas substâncias na agricultura.

Resíduos de agrotóxicos em produtos ultraprocessados 

24 produtos foram analisados, divididos em 8 categorias de derivados de carne e leite. O IDEC encontrou agrotóxicos em 58% dos produtos analisados.

Requeijão e Empanado de Frango (nugget) 

Nesse sentido, foram encontrados dois tipos de agrotóxicos no requeijão das marcas Vigor e Itambé.

Nos nuggets de frango da marca Perdigão, encontraram dois tipos de agrotóxicos, e os da marca Seara, cinco.

Milho

O Atlas aponta ainda que 96% de toda a cultura de milho no Brasil é transgênica. O milho é uma planta que prefere a polinização cruzada, ou seja, o cruzamento entre o pólen da flor de um indivíduo fecunda a flor de outro. O pólen pode viajar por quilômetros, pelo vento ou por insetos polinizadores, o que torna mais difícil garantir que uma planta permaneça orgânica e não transgênica.

O impacto na saúde

No Mato Grosso, estado brasileiro que lidera o ranking de produção agrícola e uso de agrotóxicos, estudos têm indicado as particularidades dos impactos desses químicos na saúde física, mental e emocional de mulheres. Além dos sintomas comuns da intoxicação, como dor de cabeça, dermatites e distúrbios do sono, ou de diagnóstico de doenças crônicas, como o câncer, a contaminação por agrotóxicos pode causar abortamento espontâneo ou a impossibilidade de gerar um feto em decorrência de desregulação endócrina.

Orgânicos

Assim, pesquisas recentes indicam um aumento no consumo de alimentos orgânicos entre brasileiros durante os últimos anos, o que mostra que as pessoas estão cada vez mais conscientes em relação à importância do acesso aos alimentos cultivados sem o uso de agrotóxicos.

Regulação de agrotóxicos no Brasil

Assim, o Atlas dos Agrotóxicos aponta que tramita há 20 anos no Congresso um PL de autoria da bancada ruralista que pretende flexibilizar a regulação de agrotóxicos no Brasil. Ele foi batizado como “Lei do Alimento Mais Seguro”, mas se tornou conhecido
como “Pacote do Veneno”. Logo após duas décadas de debates e 67 novos artigos, ele teve aprovação na Câmara em fevereiro de 2022, e seguiu para o Senado, onde está tramitando com o número 1.459/22. Ainda em dezembro de 2022, houve a aprovação na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado. Até novembro de 2023, o projeto tramitava na Comissão de Meio Ambiente do Senado, com fortes perspectivas de aprovação. Entre as principais mudanças propostas pelo PL estão: a mudança do termo “agrotóxico” para “pesticida” e o desmonte do sistema tripartite de aprovação de agrotóxicos. Além da flexibilização da importação e produção de agrotóxicos com características carcinogênicas, mutagênicas ou que causem distúrbios hormonais e danos ao aparelho reprodutor.

Leia o Atlas dos Agrotóxicos na íntegra, aqui

Fonte: Atlas dos Agrotóxicos