Açúcar é o vilão? O que realmente causa cáries, segundo a ciência
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Durante anos, a resposta para a origem das cáries parecia simples: o açúcar. Porém, com os avanços da odontologia, pesquisadores vêm demonstrando que o processo é mais complexo do que se imaginava. Embora o consumo de açúcar seja, sim, um dos fatores de risco, a verdadeira causa da cárie envolve uma combinação de fatores, como o tempo de exposição, a presença de bactérias específicas na boca, o pH salivar e os hábitos de higiene bucal.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cárie dentária é a doença crônica mais comum no mundo, afetando cerca de 2,5 bilhões de pessoas. No Brasil, levantamento do SB Brasil (último estudo nacional sobre saúde bucal) revelou que aproximadamente, 1/3 das pessoas idosas possuía um ou mais dentes com cárie não tratada. O estudo apontou ainda que a prevalência de participantes de 35 a 44 anos livres de cárie foi de 5,20%.

Açúcar, bactérias e acidez: a combinação perigosa

De acordo com o cirurgião-dentista Bruno Matias, especialista em implantodontia e mestre em odontologia digital, o açúcar em si não é o único culpado.

“A cárie é causada por bactérias que metabolizam o açúcar ingerido, produzindo ácidos que desmineralizam o esmalte dentário. Sem a presença dessas bactérias e a queda do pH bucal, o açúcar por si só não teria o mesmo efeito”, explica.

Essas bactérias — especialmente a Streptococcus mutans — vivem naturalmente na boca, mas se proliferam com mais facilidade em ambientes ácidos e quando a higiene bucal é inadequada. O problema não está apenas no quanto de açúcar se consome, mas no tempo que ele permanece nos dentes sem higienização adequada.

O papel da saliva 

Outro fator relevante é a ação da saliva. Ela funciona como uma espécie de “neutralizador” natural da acidez. Após consumir alimentos açucarados ou ácidos, o pH da boca cai, favorecendo a ação das bactérias cariogênicas.
A saliva ajuda a equilibrar o pH e também a remineralizar os dentes. Porém, quando há consumo frequente de açúcar ao longo do dia, esse equilíbrio se perde. É como se o dente vivesse num ambiente ácido constantemente”, explica Dr. Bruno.

Escovar os dentes logo após comer: ajuda ou atrapalha?

Uma dúvida comum é sobre o momento ideal para escovar os dentes após as refeições. Embora pareça intuitivo escovar imediatamente, isso pode não ser o ideal em todos os casos, principalmente após alimentos ou bebidas ácidas, como frutas cítricas ou refrigerantes.
O especialista explica que esmalte dentário pode estar temporariamente amolecido logo após a exposição ao ácido.

“Escovar os dentes após comer é uma boa prática, sim — mas quando há acidez envolvida, é preciso ter cuidado. Escovar os dentes nesse momento pode causar desgaste mecânico. O ideal é aguardar de 20 a 30 minutos para que o pH da boca se estabilize”, orienta Bruno Matias.

Alimentos que também merecem atenção

Além dos doces clássicos, outros alimentos também podem contribuir para o desenvolvimento de cáries:
Pães e massas brancas: se transformam em açúcares simples e aderem aos dentes.
Frutas secas: têm alta concentração de açúcares naturais e costumam grudar nos dentes.
Sucos industrializados e refrigerantes: somam acidez e açúcar em altas quantidades.

Prevenção é o melhor caminho

A boa notícia é que a cárie é sempre altamente prevenível. Manter uma rotina de higiene bucal, com escovação adequada ao menos três vezes ao dia, uso de fio dental e visitas regulares ao dentista são medidas fundamentais.
“Cuidar da alimentação e manter uma boa higiene são a base da prevenção. A cárie não aparece de um dia para o outro, ela é resultado de um processo contínuo que pode ser interrompido a tempo”, reforça o Dr. Bruno Matias.

Fonte: assessoria de imprensa