Popularmente, no Brasil, costuma-se chamar de chá todas as bebidas infundidas a partir de plantas como hortelã, menta, cidreira e tantas outras. Porém, na Ásia, o nome “chá” é relacionado apenas com a Camellia sinensis, planta da família Theaceae, também conhecida como planta do chá. De forma técnica, as outras plantas originam infusões.
No Brasil, 3 famílias (além de uma multinacional japonesa) são responsáveis pela produção de chá, no Vale do Ribeira, no sul do Estado de São Paulo. E elas são as anfitriãs que receberão os visitantes da Rota do Chá em Registro, evento que completa 10 anos este ano com as vagas disputadas.
Os participantes poderão visitar os chazais (fazendas de chás), participar da colheita da Camellia sinensis e do beneficiamento das folhas. Além de degustações e outras experiências sensoriais durante 4 dias.
Conheça mais sobre estas empresas familiares e suas produções.
Amaya Chás (Registro – SP)

Hoje, a família Amaya produz chá preto, oolong e chá verde no estilo não ortodoxo, além de blends e chá verde em pó. Eles vendem os chás a granel em embalagens zip pouch e oferecem algumas linhas em sachês, disponíveis em lojas de várias regiões do País.
Área do campo – 87 hectares
Produção anual – 90 toneladas de chá
Atuação – 80 anos
A família Amaya chegou ao Brasil em 1919, formada por Shutekishi Amaya e Nao Amaya, juntamente com seus filhos Jorge, Hélio e Antonio, o primeiro médico japonês a se formar no Brasil e também apaixonado pela bebida. Foi Antônio de Mello Amaya o grande incentivador da produção de chá pela família, também se dedicando à pesquisa da cultura da planta.
Em 1936, a família lançou o Chá Ypiranga, comercializado principalmente no Rio de Janeiro. Sua venda era de cerca de 100 toneladas por ano.
Após esse primeiro envolvimento dos Amaya com o cultivo do chá, eles migraram a produção para o estilo não ortodoxo e, apesar da modernização da fábrica para produzir milhares de toneladas de chá por ano, atualmente, ela produz apenas metade de sua totalidade, devido à demanda.
Sítio Shimada (Registro – SP)

O primeiro chá produzido pela família Shimada foi um chá preto artesanal em homenagem à senhora Ume, matriarca da família. Porém, a família tem uma longa história de cultivo, tendo passado pelo auge da comercialização das folhas in natura e pela decadência do mercado por conta da crise na década de 1990.
A capacidade total do sítio pode atingir 1 tonelada/ano, mas conforme a procura do mercado, a produção gira em torno da metade do total. Atualmente, a família produz chá verde, chá branco, chá preto defumado e o Chá Dourado (um chá preto especial feito apenas de brotos). Assim, o destaque é para a plantação de lichia ao lado do chazal, que confere um terroir diferenciado.
O Sítio tem certificação de orgânico pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), com chás comercializados a granel em sacos zip pouch, distribuídos em lojas especializadas e e-commerces.
Área do campo – 6 hectares
Produção anual – 500kg de chá
A senhora Ume Shimada, 98 anos, passou a vida trabalhando na colheita da planta do chá, cujas folhas eram levadas para serem processadas em fábricas. Quando o mercado não pôde mais comprar a sua colheita, a Sra. Ume não quis perder a produção do seu pequeno chazal familiar e resolveu instituir novamente a produção artesanal do chá, no ano de 2014.
Tomio Makiuchi, grande entusiasta de chás, foi quem auxiliou a senhora Ume a estabelecer uma pequena sala de produção de chá preto, recuperando todo o equipamento inicial da família. Já a filha da senhora Ume, Teresinha Shimada, aprendeu com Tomio a arte de processar o chá colhido na propriedade da família e hoje ela é a responsável por sua produção artesanal, contando com a ajuda de outros familiares nas demais áreas.
Sítio Yamamaru (Sete Barras – SP)

O Sítio Yamamaru produz chá verde feito 100% de forma manual (ortodoxo). Porém, mais recentemente, passou a produzir o chá preto, que conquistou a medalha de ouro no Concurso Brasileiro de Chás em 2023. Os produtos são produzidos no sistema agroflorestal, comercializados a granel em sacos zip pouch e vendidos em lojas especializadas.
Área do campo – 20 hectares
Produção anual – 60kg de chá
Assim, durante muitos anos, o Sítio Yamamaru ficou arrendado. Então, com o desejo da família em retornar os cultivos no local, um trabalho de recuperação do terreno se iniciou adotando o sistema de agrofloresta, caminhando de mãos dadas com a Mata Atlântica que ali cresceu.
Nesse sentido, a parte do chazal abandonada por 25 anos, começou a ser recuperada em 2011 e foi no ano de 2017 que a família voltou a processar chás novamente.
Os irmãos Miriam e Kazutoshi, com o apoio da família, são os principais responsáveis pelo chá que está sendo produzido agora, em conjunto de outras culturas como a do palmito jussara.
Mercado do chá está em expansão no Brasil
Apesar da pequena produção, os consumidores brasileiros têm se mostrado cada vez mais abertos aos chás e infusões. Especialmente entre quem busca um estilo de vida mais saudável ou novos sabores na gastronomia e na mixologia.
Dados de pesquisa indicam que o consumo de chá e infusões no Brasil cresceu 25% entre 2013 e 2020. Assim, quase o dobro da média mundial de 13%, comprovando o vasto interesse dos brasileiros pela bebida e um mercado promissor.
Por aqui, já existe uma Associação Brasileira de Chá (AbChá), além de escolas de formação de profissionais – como a Escola de Chá Embahú – e inúmeros cursos e eventos para a disseminação da cultura da bebida.
Sobre a Rota do Chá
A Rota do Chá em Registro completa 10 anos em 2025. O evento foi criado para celebrar e divulgar o valor do chá brasileiro, despertando o interesse pela cultura do chá entre moradores e visitantes. Além de impulsionar o turismo de experiência na região, a iniciativa valoriza o trabalho das famílias produtoras.
As criadoras do evento, Yuri Hayashi e Renata Acácia, acompanhadas de sua equipe, guiam as visitas e levam os participantes aos principais pontos de interesse: os produtores Amaya Chás — a última e única fábrica de grande porte da região; Sítio Shimada — especializado em chás orgânicos e artesanais; e Sítio Yamamaru — com chás cultivados pelo método agroflorestal.
Então, de 6 a 9 de novembro, os participantes irão vivenciar o chá como um todo: cultivo, colheita, processamento, degustação e workshops educativos, partilhando de um ambiente criado para contar a história do chá em nosso país.
Fonte: assessoria de imprensa