Destaques
* Pratos típicos de festa junina podem ter alto teor de açúcar, gorduras e calorias e prejudicar a saúde.
* Bebidas alcóolicas também tendem a ser mais consumidas nesse período, afetando negativamente o organismo.
* Controlar excessos e fazer escolhas assertivas são os segredos para aproveitar a festa.
Não há nada como aproveitar junho (e julho!) para visitar uma festa junina tradicional e se divertir, dançar, socializar e, principalmente, comer, afinal, os pratos típicos são as grandes atrações desse evento: cuscuz, pamonha, curau, canjica, milho cozido, paçoca, pé de moleque, cocada, maçã do amor, vinho quente, quentão, enfim, a lista de guloseimas que compõem o cardápio da festividade é interminável. No entanto, na hora da comilança, é importante tomar cuidado com excessos para não colocar a dieta e a saúde em risco.
“Pé de moleque, arrroz doce, pamonha, curau, canjica, entre outros, são alimentos calóricos. O pé de moleque, por exemplo, tem 503 calorias a cada 100 gramas”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Mas não é apenas a quantidade de calorias que importa. “As opções doces de pratos típicos são geralmente carregadas de açúcar, o que também aumenta a carga calórica e o índice glicêmico das receitas sem trazer nutrientes importantes. Já as opção salgadas podem conter, além das farinhas, gorduras em excesso. Isso sem falar nos alimentos ultraprocessados, como a popular salsicha, que, se consumidos em demasia, podem prejudicar a saúde e favorecer o surgimento de doenças metabólicas, inflamatórias e até neoplásicas”, alerta a médica.
Isso não quer dizer, porém, que você não deve consumir os pratos juninos, já que, além de deliciosos, possuem sim alguns benefícios. “Alguns dos ingredientes utilizados na preparação dessas receitas são muito nutritivos. O milho, por exemplo, é rico em carotenoides, polifenóis, magnésio, potássio, ferro, cobre e vitamina A e do complexo B, além de fibras. Já o amendoim é uma leguminosa fonte de folato, magnésio, zinco, fósforo, potássio e vitamina E e do complexo B”, destaca a nutróloga. Então, o segredo então para não sobrecarregar o organismo está na moderação e na escolha inteligente dos alimentos que você consumirá.
“É possível escolher ou preparar versões sem açúcar, importante principalmente para pessoas que têm restrições de consumo, além de incluir ingredientes funcionais nas receitas, como farinhas integrais e farelos. Para exemplificar, a canjica, que preparada com açúcar e leite condensado tem 350 kcal/100g, pode ter a carga calórica reduzida para aproximadamente 230 kcal/100g se esses ingredientes não forem adicionados.” É importante tomar cuidado também com as gorduras, que são caracteristicamente mais calóricas: no caso do pé de moleque, feito com amendoim (uma fonte de lipídeos), cada 100g pode conter 503 kcal, o que – somente para ilustrar – seria equivalente, em calorias, a uma refeição completa em um prato de arroz (100g), feijão (100g) e filé de frango grelhado (200g).
Além das comidinhas, a Dra. Marcella Garcez ainda faz um alerta sobre o consumo de bebidas alcoólicas, como vinho quente e quentão, que tende a ser maior nesse período de festas. “A intoxicação por álcool pode prejudicar as funções hepáticas e pancreáticas e o sistema cardiovascular e imunológico. Além disso, o álcool é um depressor do sistema nervoso central e pode afetar negativamente a saúde mental”, ressalta a médica, que reforça que não existe quantidade segura para o consumo de álcool. “As bebidas alcóolicas de preferência não devem ser ingeridas, mas se consumidas, optar sempre por muita moderação, particularmente o quentão, que, além de álcool, tem grande quantidade de açúcar adicionado. Além disso, é recomendado consumir bastante água, de preferência na mesma quantidade da bebida alcoólica, para ajudar a equilibrar a hidratação do organismo e minimizar os efeitos do álcool.”
E não adianta exagerar nos pratos típicos e nas bebidas alcóolicas durante o período junino já com a premissa de realizar uma dieta detox depois. “O conceito de dieta ‘detox’, além de controverso, não é cientificamente comprovado. Então, é importante ter cuidado, especialmente com dietas ‘detox’ extremamente restritivas, que podem ser desequilibradas e não fornecer todos os nutrientes essenciais para o corpo. O ideal, após um período de abusos na alimentação, é retornar para um hábito alimentar equilibrado, variado e o mais natural possível, sempre acompanhado de hidratação adequada, atividade física moderada e regular, controle do estresse e sono apropriado”, finaliza a Dra. Marcella Garcez.
Fonte: Dra. Marcella Garcez – Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento. Instagram: @dra.marcellagarcez