No ambiente escolar, onde a infância se expressa em gestos, palavras soltas e pequenos silêncios, a alimentação revela mais do que preferências: ela anuncia emoções. 3 de junho marca o Dia da Conscientização contra a Obesidade Infantil. Para Dayse Campos, diretora da escola Interpares (PR), a escola tem papel fundamental como espaço de escuta e acolhimento. “Especialmente quando a alimentação começa a refletir questões emocionais da criança, ressalta.
Com o aumento preocupante dos índices de obesidade infantil no Brasil, cresce também a responsabilidade de famílias e educadores em observar e compreender o que de fato está por trás do excesso de peso.
Segundo Dayse, em muitos casos, a criança não está apenas comendo em excesso, mas comendo pela falta de rotina, de presença afetiva, de segurança emocional.
Pesquisas recentes apontam que o cérebro, diante de situações de estresse, solidão ou insegurança, ativa mecanismos de busca por prazer imediato. Assim, isto explica a tendência ao consumo de alimentos ultraprocessados e calóricos.
“Essa relação emocional com a comida, quando não reconhecida ou acolhida, pode desencadear padrões difíceis de romper”, alerta.
Nesse contexto, o papel da escola se torna essencial. Professores, pedagogos e demais educadores estão entre os primeiros a perceber mudanças de comportamento, recusas alimentares, repetições ou excessos que podem sinalizar algo além do paladar. Deyse conta que na prática, a escola é, muitas vezes, a primeira a ouvir a fome emocional da criança, aquela que não aparece nos exames, mas se mostra nas atitudes.
Na escola Interpares, a exibição do documentário Muito Além do Peso (2012), de Estela Renner, motivou reflexões profundas entre os professores sobre o papel da mídia e da indústria alimentícia nas escolhas alimentares infantis.
“O filme revelou como a publicidade voltada às crianças contribui diretamente para o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados. Mas, ao mesmo tempo limita o acesso a informações e experiências com alimentos saudáveis”, reflete Dayse.
Os educadores também destacaram o agravamento do fenômeno conhecido como “fome oculta” quando há excesso de calorias, mas ausência de nutrientes essenciais. Trata-se de uma realidade cada vez mais presente nas escolas brasileiras, onde crianças com peso aparentemente adequado apresentam sinais claros de carência nutricional.
“Mais do que ensinar sobre alimentação, a nossa missão é promover vínculos entre a criança e seu corpo, entre o que se sente e o que se come, entre a escola e a família. Porque combater a obesidade infantil exige mais do que informação nutricional, exige escuta, empatia e compromisso coletivo”, finaliza a diretora.
Fonte: assessoria de imprensa