Diversos estudos científicos investigam como o consumo moderado de café se relaciona com a saúde. Um estudo robusto da Universidade de Harvard, baseado nos dados do Nurses’ Health Study, acompanhou mais de 47 mil mulheres. Assim, durante três décadas, o resultado foi que o consumo diário de 1 a 3 xícaras de café com cafeína na meia-idade tem relação a maior chance de envelhecimento saudável. Nesse sentido, como a ausência de doenças crônicas, boa saúde cognitiva, função física preservada e bem-estar mental.
Os benefícios observados parecem estar relacionados à combinação de compostos bioativos presentes no café, como os polifenóis e a cafeína, que exercem efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios, contribuindo para a proteção cardiovascular, modulação da sensibilidade à insulina e neuroproteção. No entanto, é importante ressaltar que tais efeitos foram exclusivos do café com cafeína — não sendo replicados em bebidas descafeinadas ou em outras fontes de cafeína, como chás e refrigerantes.
A escolha por mulheres na pesquisa se deve ao delineamento do estudo original, mas levanta discussões relevantes sobre o papel da cafeína na saúde feminina. Durante a meia-idade, especialmente na transição para a menopausa, há um aumento do estresse oxidativo e da inflamação sistêmica, associados a alterações hormonais que elevam o risco de doenças crônicas. Assim, o café pode atuar como fator protetor adicional nesse contexto, desde que consumido com moderação.
Apesar dos possíveis benefícios, é essencial compreender a farmacocinética da cafeína. Sua meia-vida no organismo varia entre 4 e 6 horas em adultos. Mas, podendo ser prolongada em gestantes ou em mulheres que utilizam anticoncepcionais orais, devido à modificação do metabolismo hepático. Por isso, recomenda-se evitar o consumo de café pelo menos 6 horas antes do horário habitual de sono, a fim de preservar o ritmo circadiano e a qualidade do sono — fatores que impactam diretamente a saúde metabólica, imunológica e hormonal.
Além disso, o consumo excessivo de cafeína (acima de 400 mg/dia, ou cerca de 4 a 5 xícaras pequenas de café) pode estar associado a efeitos adversos. Como ansiedade, taquicardia, insônia, alterações gastrointestinais e interferência na absorção de micronutrientes. Em mulheres com predisposição a transtornos ansiosos ou condições como a síndrome dos ovários policísticos (SOP), o excesso de cafeína pode ser contraproducente. Então, contribuindo para a piora de sintomas hormonais e neurocomportamentais.
O café, portanto, pode ser um aliado à saúde da mulher, sobretudo quando inserido em um padrão alimentar equilibrado. Assim, livre de açúcares adicionados e respeitando os limites individuais de tolerância. Como hábito cultural enraizado — especialmente no Brasil, maior produtor mundial da bebida . Nesse sentido, o café ganha ainda mais relevância ao se mostrar, também, uma ferramenta de promoção de saúde e longevidade.
*Karoline Albini Schast é nutricionista, especialistas em comportamento e fitoterapia, além de professora do Bacharelado de Nutrição do Centro Universitário Internacional Uninter.