Intolerância ao Glúten? Entenda a Doença Celíaca
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A doença celíaca, uma reação autoimune ao glúten, vai além dos sintomas intestinais clássicos como diarreia e dor abdominal. Pode se manifestar de forma atípica, com fadiga, aftas, osteoporose precoce e alterações de humor. Tudo isto dificulta o diagnóstico — que pode levar até 13 anos.  O “Maio Celíaco” chama atenção para esses desafios e para o impacto da doença na qualidade de vida. A estimativa é que 1,5 milhão de brasileiros tenham a condição. Mas os profissionais de saúde deixam de diagnosticar até 90% dos casos por causa da variedade de sintomas e da ausência de critérios diagnósticos padronizados no país.
“Além de contribuir para diagnósticos mais precoces e assertivos, os exames laboratoriais ajudam a direcionar melhor a conduta médica, sobretudo em pacientes com sintomas atípicos — e, em alguns casos, podem até mesmo reduzir a necessidade de procedimentos mais invasivos”, destaca Aline Oliveira, farmacêutica e gerente de Produtos de Autoimunidade da Thermo Fisher Scientific.
Os testes da Thermo Fisher Scientific detectam anticorpos ligados à resposta ao glúten, auxiliando no diagnóstico da doença celíaca. Testes como o de anti-transglutaminase, considerado o mais sensível e específico, e o de anti-gliadina deamidada, útil principalmente em crianças ou em pacientes com deficiência de IgA, estão disponíveis em laboratórios de todo o país e devem ser solicitados por um profissional de saúde, que irá interpretar os resultados em conjunto com a avaliação clínica do paciente.

Alimentação

Agregar alimentos benéficos para a saúde do celíaco nas refeições diárias é uma estratégia essencial para garantir o bem-estar físico e pode-se alcançar com uma pitada de criatividade, preparos caseiros e por meio da leitura cuidadosa dos rótulos dos alimentos, garantindo que os ingredientes utilizados realmente sejam naturais e livres de contaminação no processo industrial.
O primeiro passo é compreender que uma dieta livre de glúten não precisa ser restritiva ou monótona. Pelo contrário, com planejamento e as devidas orientações, é possível criar refeições mais saborosas e nutritivas.

Dicas

A nutricionista da Jasmine, Karla Maciel, dá dicas para uma jornada alimentar mais leve e prazerosa.
Para incluir nas refeições sem receios
Prefira alimentos frescos, naturais e com certificação de ausência de glúten — como os da Jasmine, que também são livres de excessos como açúcar, gordura saturada e sódio. É só conferir os rótulos. Exemplos: Cereais como arroz, aveia (certificada), quinoa, amaranto e sorgo.
Como utilizar?
 No café da manhã, experimente um bowl de quinoa com leite vegetal, frutas, castanhas e um toque de mel ou canela.
Farinhas livres de substância fibrosa – como a de arroz, de quinoa, de amêndoas, de grão-de-bico, de coco e de tapioca – são verdadeiras aliadas na confeitaria e na panificação. Com elas, é possível criar desde bolos até massas de pizza, panquecas e pães caseiros.
Como utilizar?
Coloque a mão na massa com um pão que leve farinha de arroz como base, polvilho doce para maciez e farinha de linhaça para nutrição e liga. A farinha de grão-de-bico também é uma ótima opção para empanar vegetais ou fazer versões de tortilhas e wraps nutritivos.

No quesito gorduras, as mais benéficas para celíacos são as gorduras do azeite de oliva extravirgem, óleo de coco, abacate e as oleaginosas.

Como utilizar?
Prepare um molho de abacate com limão e alho para a sua salada, ou uma pasta de castanha de caju como base para um “cream cheese” vegano, ideal para rechear wraps ou acompanhar vegetais crus.
Leite e derivados, desde que certificados também têm espaço importante na dieta celíaca. Podemos usar Iogurtes naturais, kefir e queijos magros podem de forma criativa tanto em receitas doces quanto salgadas.
Como utilizar?
Para marinadas ou molhos cremosos para saladas, a dica é usar o iogurte como base. Prepare ainda, smoothies nutritivos com frutas, linhaça e um toque de canela.
“O segredo para agregar esses alimentos no cotidiano é variar as preparações e respeitar o paladar individual, sem abrir mão do sabor e da textura. A criatividade mora justamente na mistura de técnicas e na reinvenção de receitas tradicionais”, destaca a nutricionista.

Para riscar da lista de compras

Devemos eliminar itens que contenham trigo, centeio, cevada, malte e seus derivados, o que inclui farinhas, pães, bolos, biscoitos, massas tradicionais e até cervejas comuns. Também é necessário ficar atento aos alimentos industrializados que utilizam farinha de trigo como espessante, como molhos prontos, caldos em cubo e temperos industrializados.

Dicas de segurança para a alimentação fora de casa

Para quem tem doença celíaca, comer fora exige cuidado com os alimentos, utensílios e modo de preparo, pois a contaminação cruzada pode ocorrer até por talheres e fritadeiras.
Nesse sentido, o celíaco deve avisar com antecedência sobre sua restrição e explicar que até traços de glúten podem causar reações, ajudando na conscientização e no cuidado de todos.
Assim, sempre que possível, o celíaco deve levar sua própria comida ou itens seguros, especialmente em eventos informais. Em jantares ou buffets, é importante perguntar sobre ingredientes, preparo e risco de contaminação.
Atenção: Utensílios como facas, colheres, tábuas e panos podem causar contaminação cruzada. Usar os mesmos itens em alimentos com e sem glúten compromete a segurança. O ideal é separar e identificar os utensílios para uso exclusivo.
Fritadeiras e chapas também representam risco, uma vez que alimentos fritos no mesmo óleo de empanados com trigo e derivados, por exemplo, não são seguros para celíacos — mesmo que o ingrediente usado no prato em si seja naturalmente livre da proteína.
Outra dica importante é evitar o “autosserviço” em festas com buffet misto. Isso porque as pessoas podem acabar misturando colheres ou esbarrando migalhas de um prato para o outro. Nesse cenário, o mais seguro é montar o próprio prato na cozinha ou ter uma opção embalada individualmente.

“Esses cuidados fazem toda a diferença para garantir a saúde de quem convive com a doença. Mesmo traços da proteína podem causar reações sérias. Por isso, devemos tratar o preparo, o armazenamento e o serviço dos alimentos com o mesmo cuidado que se teria com qualquer outra condição de saúde que envolva risco imediato”
Karla Maciel

Instituto Brasileiro de Estudos da Doença Celíaca

Assim, para oferecer acolhimento e informação aos pacientes e promover educação de profissionais de saúde em torno do cuidado celíaco no Brasil, foi criado o Instituto Brasileiro de Estudos da Doença Celíaca (IBREDOC), que terá seu lançamento simbólico no dia 16 de maio, quando se celebra o Dia Mundial da Doença Celíaca.
“O grande desafio da doença celíaca é fechar o diagnóstico de forma precoce e com precisão. Afinal, sabemos que o paciente sofre muito com a demora dessa investigação, que pode chegar até 13 anos devido aos sintomas atípicos. Nesse sentido, entender os sinais que podem não estar diretamente ligados e ter um teste que direcione o médico a sugerir o diagnóstico de doença celíaca, ajuda o paciente a melhorar sua qualidade de vida mais rapidamente”, explica Danielle Kiatkoski, médica gastroenterologista e diretora do IBREDOC