Comida de impressora? Chef comenta a revolução da bioimpressão nas cozinhas e salas de aula
Já imaginou imprimir um prato de comida como quem imprime um documento? Parece cena de ficção científica, mas essa realidade já está batendo na porta das cozinhas profissionais e das escolas de gastronomia pelo mundo.
A técnica de bioimpressão de alimentos, que usa impressoras 3D para criar pratos personalizados, está transformando  o ensino da culinária. Eduardo Duó, professor de Gastronomia do Centro Universitário de Brasília (CEUB), explica como a prática agrega na construção de novos pratos e sabores.
O especialista esclarece que a bioimpressão não vem para substituir o arroz com feijão ou o pão de queijo da padaria. Eduardo acrescenta que ela oferecerá soluções em contextos como hospitais, escolas, nutrição funcional, alta gastronomia e eventos.

“Não elimina as técnicas tradicionais, mas acrescenta uma nova camada de complexidade e possibilidades. É uma oportunidade de renovar a formação sem perder a conexão com a cultura e o sabor”.

A grande virada acontece quando a cozinha começa a se encontrar com o laboratório. Eduardo cita o exemplo da carne feita a partir de células-tronco, como a famosa “picanha cultivada”, que pode ser impressa camada por camada, sem precisar abater animais.

 

“Isso levanta discussões éticas e sustentáveis que os cursos de gastronomia vão precisar encarar. O chef, que antes entendia de ponto da carne, agora também precisa entender de bioética, ciência de alimentos e programação digital.”

 

Para imprimir um alimento, é preciso planejar desde a base, textura, fluidez, estabilidade e tempo de extrusão. Afinal, cada ingrediente reage de uma maneira, como é o caso das castanhas e vegetais, ricas em amido, umidade e gordura.

 

“O chef do futuro vai ter que dominar tanto o design do prato quanto a programação do equipamento”, projeta Duó, se referindo à engenharia de alimentos, de modelagem 3D e de ciência aplicada.

Sabores e games

Mesmo com desafios técnicos e culturais, o docente do CEUB acredita que a bioimpressão deve ganhar espaço na indústria gastronômica:

“É o começo de uma nova era e quem quiser acompanhar vai ter que aprender a cozinhar com um pé no laboratório e outro no fogão”. A gamificação ganha espaço na hora de ensinar as novas habilidades, já que a experiência interativa ajuda os alunos a se conectarem com conteúdo mais complexos, como a bioimpressão. “Mas para funcionar, a gamificação precisa ter propósito e conteúdo de verdade”, alerta.

A técnica é indicada como solução para quem tem restrições alimentares, com a prática inclusive implementada em hospitais, sobretudo na Alemanha e no Japão, para produzir refeições de pacientes com disfagia (dificuldade de deglutição), por exemplo.

“Com purês moldados em formatos atrativos, é possível garantir segurança nutricional e estimular o apetite. Também dá para imprimir alimentos com baixo teor de sódio, sem glúten, sem lactose, com suplementação vitamínica, tudo ajustado às orientações nutricionais individuais”, finaliza Duó

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Fonte: assessoria de imprensa