
Milhões de mulheres brasileiras vivem com um diagnóstico que, muitas vezes, demora a ser feito: o lipedema. Afinal, trata-se de uma condição crônica e progressiva, que é caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura, especialmente nas pernas e braços, e costuma ser confundida com obesidade. Nesse sentido, a diferença, no entanto, é fundamental: no lipedema, o volume corporal não está ligado ao quanto se come ou se exercita.
“Imagine que seu corpo distribui a gordura de forma desigual, independentemente de seus esforços. Então, essa é a essência do lipedema. Não está relacionado com excesso de calorias ou inatividade”, explica a especialista Dra. Elaine Dias JK, endocrinologista PhD pela USP e metabologista.
Estima-se que 1 em cada 10 mulheres no mundo conviva com o lipedema, uma prevalência que chega a 12,3% no Brasil, segundo dados da Secretaria de Saúde. Assim, a doença se manifesta, com mais frequência, em períodos de grandes alterações hormonais, como a puberdade, a gravidez e a menopausa, e pode ser percebida por sintomas como dor ao toque, inchaço persistente, hematomas frequentes e sensação de peso nas pernas.
“O tecido adiposo afetado é diferente da gordura comum, ele é mais sensível e não se desfaz com exercícios ou perda de peso convencional. Assim, a identificação do quadro pode ser feita por exames de imagem, como DEXA (densitometria de composição corporal) e bioimpedância”, explica a Dra. Elaine.
Apesar de não haver cura, os tratamentos disponíveis buscam reduzir os sintomas, melhorar a circulação linfática e a qualidade de vida dos pacientes. A alimentação anti-inflamatória é fundamental.
“Afinal, a chave não está apenas em emagrecer, mas em desinflamar o corpo. Isso significa reduzir os alimentos que inflamam, provocam retenção e aumentam a dor”, enfatiza a Dra. Elaine. Ente eles, a especialista pontua 5 principais e explica os motivos. São eles:
Café e cafeína: A cafeína, quando consumida em excesso, estimula a liberação de adrenalina, o que pode piorar os processos inflamatórios e provocar vasoconstrição, ou seja, um estreitamento dos vasos sanguíneos. Então, esse efeito dificulta a circulação linfática, favorecendo a retenção de líquidos e aumentando a dor.
“Assim, o ideal é limitar o consumo de café a até três xícaras por dia. A cafeína pode ser um fator agravante para quem já tem sensibilidade nas pernas”, alerta a endocrinologista e metabologista.
Bebidas alcoólicas: O álcool atua como um potente inflamatório sistêmico. Afinal, ele interfere no metabolismo hepático, prejudicando a circulação e sobrecarregando o sistema linfático, que é responsável pela drenagem de líquidos e toxinas. Isso contribui para o agravamento do inchaço, da dor e do aspecto de irregularidade na pele, o que é uma queixa comum e frequente entre pacientes com lipedema.
Açúcar: O consumo frequente de açúcar pode elevar os níveis de insulina no sangue e desencadear um processo conhecido como hiperinsulinemia, que favorece o acúmulo de gordura e a inflamação dos tecidos. Para mulheres com lipedema, especialmente aquelas que já apresentam resistência insulínica, o açúcar atua como combustível para a piora dos sintomas.
Glúten: Embora o glúten não seja inflamatório para todas as pessoas, ele pode ser um gatilho para quem tem doenças inflamatórias como lipedema. Ele tende a aumentar a permeabilidade intestinal, um processo que permite a passagem de substâncias tóxicas para a corrente sanguínea, elevando a inflamação sistêmica. “Não sou contra o glúten, mas, é importante reconhecer que em um organismo que já vive em estado inflamatório, ele pode agravar os sintomas”, pontua a Dra. Elaine.
Derivados do leite: A caseína, proteína encontrada no leite e em seus derivados, é apontada por diversos estudos como pró-inflamatória em indivíduos sensíveis. Em mulheres com lipedema, seu consumo está relacionado ao aumento da inflamação, da sensibilidade e da retenção hídrica. Mesmo alimentos considerados “saudáveis”, como iogurtes naturais ou queijos artesanais, podem ser prejudiciais para quem vive nesta condição. “É preciso avaliar individualmente, mas, a maioria das pacientes apresenta melhora positiva ao reduzir ou eliminar os laticínios.
A Dra. Elaine reforça que esses cuidados não dizem respeito apenas à aparência física. “Estamos falando questões que vão além da estética. Trata-se de devolver autonomia, leveza e qualidade de vida a pacientes que vivem com dor e desconforto todos os dias. A alimentação é uma das ferramentas mais acessíveis e eficazes para isso”, ressalta a médica PhD pela USP.
Além da alimentação, há outros cuidados que promovem qualidade de vida, como: uso de meias compressivas, drenagens linfáticas manuais, tecnologias como radiofrequência e ondas de choque, além da lipoaspiração especializada, sempre com orientação de profissionais capacitados.
Fonte: assessoria de imprensa