Cafeína tem potencial para tratamento de câncer de mama agressivo
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Estudo premiado no 26º Congresso Brasileiro de Mastologia comprova a ação antitumoral da cafeína em células de um subtipo de câncer de mama mais agressivo, o triplo-negativo. Segundo o mastologista Marcelo Moreno, que apresentou o trabalho, os resultados obtidos a partir de investigações em laboratório representam uma boa notícia em meio às estratégias de enfrentamento da doença. Nesse sentido, “autorizam o prosseguimento da pesquisa em outros modelos metodológicos”.

O trabalho foi intitulado “Efeito antiproliferativo da cafeína sobre uma linhagem de câncer de mama triplo-negativo”. Assim, teve a realização no Programa de Pós-graduação em Ciências Biomédicas da Universidade Federal da Fronteira Sul, no campus Chapecó (SC). Além disso, vinculado ao Programa Multicêntrico de Pós-Graduação em Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade do Estado de Santa Catarina.

Congresso Brasileiro de Mastologia

A apresentação aconteceu na edição recente do Congresso Brasileiro de Mastologia. O evento teve a organização da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e SBM Regional Rio Grande do Sul (SBM-RS). Assim, o estudo premiado comparou a ação da cafeína em diferentes concentrações em células de câncer de mama triplo-negativo (linhagens MDA-MD-231). Além disso, também em células saudáveis do parênquima mamário.

A classificação “triplo-negativo” define a ausência dos receptores de estrogênio, progesterona e HER2, responsáveis pelo controle do crescimento do tumor, das células mamárias e da divisão celular. Mais incidente em jovens, com menos de 40 anos. Assim, também é comum em mulheres que apresentam mutação dos genes hereditários BRCA1 e/ou BRCA2, responsáveis por proteger o corpo do aparecimento de tumores. Ao sofrerem mutação, a função destes genes diminui e as chances de desenvolvimento do câncer aumentam.

Já existe na literatura científica estudos que comprovam, in vitro, os efeitos antitumorais da cafeína. “Mas pesquisas com a metodologia que desenvolvemos e com os resultados que obtivemos ainda não tinham divulgação”, destaca o mastologista.

Efeito antiproliferativo da cafeína

Ao mesmo tempo em que se preocuparam em avaliar o efeito antiproliferativo da cafeína sobre uma linhagem de câncer de mama triplo-negativo, os pesquisadores, sob a coordenação de Marcelo Moreno, também investigaram o potencial tóxico da substância em células saudáveis.

No estudo in vitro, com materiais adquiridos no Banco de Células do Rio de Janeiro, a cafeína, nas concentrações de 1, 2 e 4 milimolares, “diminuiu a viabilidade das células de câncer de mama triplo-negativo”. Nas células saudáveis, a aplicação da cafeína não representou toxicidade. “Elas mantiveram o crescimento e a reprodução celular”, ressalta o pesquisador.

A aplicação da substância, comumente consumida no café, no cacau e no guaraná, entre outros alimentos, deve agora expandir seu raio de eficácia a partir de novos estudos. A perspectiva, segundo o mastologista Marcelo Moreno, é prosseguir com a pesquisa. Assim, com o objetivo de comprovar, também por meio de outros métodos, que a cafeína, ou moléculas similares, possa ser usada de forma combinada com as terapias existentes no tratamento desta forma agressiva de câncer de mama.

Fonte: assessoria de imprensa