Nutricionista Adriana Stavro explica os tipos de fome e dá dicas para ter uma relação tranquila com a comida nesse período de pandemia.

Precisamos entender que a fome nem sempre é fisiológica. Às vezes ela pode se manifestar simplesmente por razões psicológicas ou comportamentais. Pode também estar relacionada com o momento que estamos vivendo, com o meio ambiente, com as pessoas que nos cercam, com o nível de estres e diversos outros fatores. Por isso é importante entender quais são os tipos de fome, para saber fazer a distinção entre elas. Dessa forma, vai ficar mais fácil lidar com as sensações e com as necessidades do corpo com tranquilidade e sem culpa.

A fome fisiológica é a fome física, àquela que precisamos comer para sobreviver, por exemplo, comer nutrientes para realizar suas funções vitais. Ela se manifesta de várias formas como dor no estômago, tontura, dor de cabeça, irritação, falta de concentração entre outros.

Já a fome psicológica não tem relação com as nossas necessidades fisiológicas, e sim com nosso estado mental. Está diretamente ligada aos nossos desejos, sentimentos e ao nosso emocional. Existem 3 tipos de fome psicológica:

• A vontade;
• A social;
• A emocional;

Vontade

Diferente da fome fisiológica, a vontade aparece mesmo se você não estiver com fome. Quer um exemplo? Você liga a televisão e se depara com um bolo de cenoura em um programa qualquer. Imediatamente, se lembra do bolo de infância que a sua avó fazia. Você pode ter acabado de fazer uma refeição, estar plenamente saciado, mas sempre tem um espaço para a vontade de comer. E se não comer naquela hora, provavelmente vai ficar pensando no bolo o dia todo. A vontade é algo bem específico, você sabe exatamente o que quer comer e qual sabor, quer sentir.

Fome social

A fome social é a que sentimos quando estamos em momento de festas, confraternizações, reuniões com amigos e familiares. É aquele sentimento de compartilhar o alimento, de uma conversa gostosa enquanto comemos. Você pode até não estar com fome, mas certamente vai acabar comendo, porque é instintivo e o ser humano sempre celebrou em torno da mesa.

O comer emocional é quando a comida se torna uma válvula de escape ou um sistema de alívio instantâneo para um, ou vários sentimentos. Para algumas pessoas a fome aumenta quando estão tristes, ansiosas, irritadas, estressadas, felizes ou entediadas. A fome emocional aparece nos momentos em que achamos que precisamos nos recompensar com algo gostoso por alguma coisa que abalou o nosso estado emocional. A pessoa acredita que realmente precisa comer para tentar resolver sua angústia interna. Quem nunca disse o termo clássico, eu mereço!!

O problema é que o cérebro é esperto, e sabe que a recompensa é maior com a combinação de alimentos ricos em açúcar e gordura. Nunca ouvi ninguém falar, “estou triste vou comer brócolis”. A fome emocional nos faz ter uma relação errada com a comida. Nossos problemas não vão desaparecer se comermos um pedaço de bolo. Ele pode até trazer uma euforia momentânea, mas curar não vai.

E não temos como não relacionar os tipos de fome com o momento atual. A pandemia e a necessidade de isolamento estão nos levando a ter uma relação errada com a comida. Não porque queremos, mas porque a situação está difícil para todos nós. Vamos tentar ter uma relação tranquila com a comida. Não tenha medo da sua fome. Que tal começar a prestar mais atenção em que tipo de fome está sentindo? Você tem fome de quê? Respeite-se e cuide-se, você é a melhor pessoa para saber o que precisa nesse momento. Que tal incluir essa pergunta no seu cardápio?

Mas afinal, o que fazer para parar de pensar em comida?

Ouça uma música.

Durma.

Leia um livro.

Organize seu armário.

Medite.

Faça um curso on-line.

Brinque com seu filho.

Reze.

Adriana Stavro é formada em Nutrição pelo Centro Universitário São Camilo. Pós-graduada em Doenças Crônicas não Transmissíveis pelo Hospital Albert Einstein. Pós graduanda em Nutrição Clinica Funcional pela VP consultoria e pós graduanda em Fitoterapia pela Course4U.