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Muitas pessoas incluem nos planejamentos de ano novo a mudança na dieta para padrões mais saudáveis. Mas nem sempre conseguem evidentemente mudar os hábitos. Sabemos que os conselhos para perder peso às vezes são complicados e conflitantes. Portanto é indicado procurar ajuda médica nutrológica. Nesse sentido,  um estudo liderado por um pesquisador da Stanford Medicine e publicado em fevereiro do ano passado no periódico Obesity deixa pelo menos uma coisa clara: não importa qual tática de perda de peso você escolha, normalmente o sucesso será maior se acompanhar seu progresso com ferramentas digitais de saúde, como aplicativos.

O estudo descobriu que quanto mais as pessoas monitoram seus esforços para perder peso com ferramentas como relógios inteligentes, balanças digitais e aplicativos de monitoramento de dieta, mais peso elas tendem a perder. Assim, vimos esse aumento das ferramentas digitais de saúde na última década e elas fornecem uma ótima maneira para as pessoas acessarem intervenções para melhorar sua saúde. Existem diversos aplicativos para esse fim.

Nos últimos anos, mais programas de perda de peso estão se voltando para ferramentas digitais também. Mas exatamente o que está sendo usado, como está sendo usado e o impacto que isso tem sobre o usuário nunca foi sistematicamente estudado em grande escala.

A análise também revelou que os indivíduos que monitoraram sua dieta ou atividade física digitalmente estavam mais envolvidos.  Ou seja, isto significa que eram mais consistentemente ativos no uso de suas ferramentas digitais, do que aqueles que monitoraram seu comportamento por meios mais tradicionais, como registros manuscritos de rotinas de exercícios ou ingestão de calorias. Por fim, tudo se resume ao estabelecimento de metas e consistência e as ferramentas digitais podem ajudar a facilitar ambos.

Os pesquisadores compararam quase 40 estudos diferentes sobre monitoramento de perda de peso realizados entre 2009 e 2019. Em cada estudo, os participantes acompanharam seus comportamentos, como o consumo de calorias e nutrientes, o número de mordidas diárias que deram e sua atividade física, com ferramentas digitais. Três quartos das vezes, aqueles que usaram ferramentas digitais com mais frequência para monitorar a si mesmos perderam mais peso do que aqueles que se automonitoraram com menos frequência com ferramentas digitais.

O rastreamento nos permite estar cientes do que estamos comendo, quanto estamos nos movendo e como nosso peso corporal flutua na balança a cada dia. As pessoas podem aproveitar esse feedback de monitoramento para fazer mudanças em seus comportamentos diários. Investigar os gramas de nutrientes e calorias de cada refeição é um fardo para a maioria das pessoas. As ferramentas digitais facilitam a contagem de calorias e o rastreamento de nutrientes.

Sites e aplicativos de monitoramento de dieta já “sabem” informações sobre os registros dos usuários de alimentos – como gramas de carboidratos versus gordura em um waffle ou de uma fruta. Alguns aplicativos permitem até que os usuários tirem uma foto de sua refeição e carreguem; o aplicativo faz o resto do trabalho de contagem de calorias. Alguns aplicativos permitem salvar receitas para contagem de calorias, macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras), o que facilita a visão geral da alimentação diária.

Outra conclusão importante do estudo é que não importava o que os indivíduos monitoravam: eles podem controlar a perda de peso, calorias ou exercícios. Desde que o fizessem com ferramentas digitais, quanto mais monitoravam, mais sucesso conseguiam. Apesar dos benefícios das tecnologias, temos que ter em mente que devemos sempre buscar ajuda profissional quando falamos em dieta. É muito comum que pessoas façam muita restrição sem necessidade e depois recuperem ou até ganhem mais peso.

DRA. MARCELLA GARCEZ é Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.