O cálcio é o mineral mais abundante no corpo humano, conhecido principalmente pela sua participação na formação dos ossos. Os ossos concentram cerca de 99% do conteúdo de cálcio do organismo, que utiliza o mineral não só como parte de estrutura, mas que também funciona como uma reserva de cálcio, liberando-o na corrente sanguínea de acordo com a necessidade. O restante está distribuído no sangue, em músculos, nervos e glândulas.

No sangue, o conteúdo de cálcio é regulado por diversos fatores hormonais e não dependem da quantidade ingerida pela alimentação. Conforme os níveis sanguíneos de cálcio diminuem, hormônios específicos agem para aumentar a absorção intestinal, liberar o cálcio contido nos ossos e diminuir a excreção.

Além de fazer parte da estrutura de ossos e dentes, sua função mais conhecida, o cálcio também participa de uma série de reações do corpo, como a transmissão de impulsos nervosos, a contração muscular, o controle do pH do organismo, regulação de reações bioquímicas e a coagulação do sangue.

As principais fontes de cálcio da alimentação tendem a ser o leite e os laticínios, porém, outras boas fontes de cálcio podem ser encontradas em sardinhas, ostras, tofu e vegetais folhosos verde-escuros, como brócolis, couve e mostarda. Sementes de gergelim também são uma boa fonte de cálcio.

Alguns fatores podem diminuir a absorção do cálcio, como os fitatos, oxalatos ou as fibras, peristaltismo intenso, excessos ou falta de gordura na alimentação e o alto consumo de vitamina A, de fósforo e magnésio.

Diariamente, uma pessoa adulta entre os 19 e os 70 anos deve consumir cerca de 1000mg de cálcio. A partir dos 70 anos, as necessidades aumentam para 1200mg diários. É importante ressaltar que a quantidade de minerais presente nos alimentos depende da sua presença no solo onde foram cultivados.

Assim, alimentos cultivados em sistemas que prezam pela manutenção adequada da qualidade do solo, corrigindo suas deficiências através de estratégias como fertilização, conseguem concentrar maior quantidade de nutrientes do que aqueles que foram produzidos em solos pobres. A deficiência de cálcio nas plantas pode ser comum em solos de locais de clima tropical que já estão desgastados e sua adição auxilia a corrigir o pH do solo e aumenta seu conteúdo nas partes comestíveis das plantas cultivadas naquela área.

A deficiência de cálcio é muito comum em países em desenvolvimento, e a ingestão de cálcio entre os brasileiros está muito abaixo dos valores considerados ideais, variando entre 350 e 500mg. A consequência mais conhecida da deficiência de cálcio ao longo da vida é a osteoporose, que afeta principalmente as mulheres.

Ela é caracterizada pela perda de massa óssea e, além da baixa ingestão de cálcio, tem como fator de risco outros fatores como falta de exercício, genética e fatores hormonais. A baixa ingestão de cálcio na infância impede que a pessoa consiga formar sua massa óssea de forma ideal, comprometendo o crescimento e favorecendo o aparecimento da osteoporose na fase de envelhecimento. Quando há excessos na concentração de cálcio no organismo, há maior tendência para a formação de cálculos renais formados por esse mineral.

Assim, o consumo adequado de cálcio é essencial para a saúde em todas as fases da vida. É importante se atentar para a ingestão de boas fontes do mineral, seja de origem animal ou vegetal, para a prevenção de doenças e manutenção da qualidade de vida, buscando orientação profissional para suplementação caso seja necessário.

• Daniel Magnoni é consultor da iniciativa Nutrientes para a Vida (NPV), diretor de Serviço de Nutrologia e Nutrição Clínica do Hospital do Coração – Hcor, Mestre em cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP; especializado ainda em Clínica Médica, Nutrologia e Nutrição Parenteral e Enteral pela Associação Médica Brasileira – AMB / Conselho Federal de Medicina – CFM