Cardápio diário com uma alimentação colorida e diversificada, com verduras, legumes e frutas, é um dos principais caminhos para nutrir e melhorar as funções do corpo, fortalecer o organismo e ainda se proteger contra diversas doenças, como o câncer.

Dados baseadas nos relatórios do Fundo Mundial para Pesquisa contra o Câncer (WCRF) e do Instituto Americano de Pesquisa em Câncer (AICR) e em outros estudos relevam que a alimentação e a nutrição inadequadas ocupam a segunda posição na lista de causas de câncer que podem ser prevenidas. Elas correspondem até 20% dos casos de câncer nos países em desenvolvimento, como o Brasil, e por aproximadamente 35% das mortes pela doença.

“As antocianinas, carotenoides, dentre outros compostos fitoquímicos são antioxidantes que determinam as cores dos alimentos – e cada tom representa um benefício ao organismo. Além de cores, esses elementos são responsáveis por fornecer aroma e sabor aos alimentos”, explica a nutricionista oncológica do Centro de Excelência Oncológica (unidade do Grupo Oncoclínicas no Rio de Janeiro) Paula Pratti.

A especialista também ressalta a importância dos fitoquímicos – categoria de nutrientes presentes em alimentos de origem vegetal e que não se enquadra como vitaminas e nem minerais – na boa nutrição: “Os fitoquímicos mais famosos são a clorofila e o betacaroteno. O primeiro está presente nos alimentos verdes, como espinafre, couve e ervilha, e é conhecido por fortalecer os mecanismos de defesa. Já o segundo está nos alimentos amarelos ou laranjas, como no caso da cenoura, e ganhou fama por ajudar a manter o bronzeado da pele, além de ser bastante importante para a saúde dos olhos”, destaca Paula Pratti.

Outro ponto importante para a especialista é a ingestão de alimentos vermelhos, brancos e amarelos por idosos: “Esse grupo de alimentos vermelhos possui antioxidantes que auxiliam no sistema imunológico e na saúde da pele. Os brancos e amarelos contêm nutrientes, como o cálcio e potássio, essenciais para manutenção da saúde dos ossos, o que, além de cruciais para a terceira idade, são da mesma forma valiosos para crianças”, diz a nutricionista.

Reforço no combate ao câncer 
Os elementos que compõem essa cartela de cores dos alimentos são capazes de atuar em diversas fases do corpo celular, beneficiando tanto quem quer prevenir doenças, quanto quem está em tratamento de diferentes tipos de condições, entre elas o câncer.

“Os pacientes oncológicos, com ou sem uso de quimioterápicos, tiram benefícios do consumo de todo esse arco-íris de cores presentes nos alimentos naturais. O tratamento e a própria doença podem levar a um maior estresse oxidativo, processo que está inclusive relacionado ao surgimento de outras doenças crônicas, como Parkinson ou Alzheimer”, diz a oncologista da Oncoclínica Centro de Tratamento Oncológico (unidade do Grupo Oncoclínicas no Rio de Janeiro) dra. Daniele Ferreira.

A médica salienta que, mesmo com a diversidade de tons no cardápio diário, há alguns grupos que devem ter sua ingestão reforçada: “Os alimentos verdes escuros, roxos e vermelhos são os mais recomendados, devido a sua propriedade antioxidante”.
A nutricionista compartilha da opinião da médica: “O organismo do paciente oncológico está muito sobrecarregado com o processo da doença e esses três tipos de grupos de cores ajudam a neutralizar esse organismo, além de melhorar a imunidade e promover melhores respostas do organismo à medicação”, explica Paula Pratti, que ainda recomenda inserção do gengibre na dieta para auxiliar no controle de náuseas.

Pantone dos alimentos

Brancos e amarelos
Esses alimentos são ricos em cálcio, potássio, vitamina C e outras substâncias. Nesta categoria entram Leite, Cogumelo, Queijo, Arroz, Batata, Banana, Couve-flor e Maracujá, laranja.
“O cálcio e o potássio contribuem para a formação e manutenção dos ossos, para a regulação dos batimentos cardíacos e para o funcionamento do sistema nervoso e dos músculos. Possuem efeito anti-inflamatório e antialérgico, propriedades antibióticas e ainda ajudam a prevenir doenças cardiovasculares e a reduzir o LDL colesterol”, comenta a nutricionista.
A especialista ressalta que as frutas mais ácidas e cítricas são fontes importantes de vitamina C, responsável por diversos benefícios, entre eles o aumento da imunidade a doenças. “Os alimentos com o interior branco, como maça e pera, também possuem ácido málico, que auxilia na redução da fadiga provocada pela quimioterapia e combatem a prisão de ventre. Já o abacaxi contém bromelina, que melhora a digestão”, diz a nutricionista.

Laranja

Neste grupo entram os alimentos que possuem carotenoides, substâncias que incluem betacaroteno, responsável pela fabricação de vitamina A no nosso corpo. Abóbora, Pêssego, Cenoura, Damasco, Laranja, Manga, Mamão compõem esta categoria.
“Eles são antioxidantes e favorecem o metabolismo das gorduras, ajudam no funcionamento dos glóbulos brancos, fundamentais para um sistema imunológico saudável, promovem o crescimento ósseo e colaboram na regulação do crescimento, na divisão celular e no funcionamento do sistema nervoso”, ressalta a nutricionista. A especialista ainda acrescenta que a curcumina, princípio ativo do açafrão, tem sido extensivamente investigada no tratamento de uma grande variedade de cânceres. São eles: gastrointestinais, Geniturinários, mama, pulmão e neurológicos.
A vitamina A e dois outros tipos de carotenoides – a luteína e a zeaxantina – também são importantes para o bom funcionamento da visão, para o viço e o bronzeamento da pele, e para a força dos cabelos e das unhas.

Vermelhos

O time vermelho conta com alimentos que possuem vitaminas A, C e as do complexo B, além de sais minerais, como MAGNÉSIO E COBRE. Aqui entram Tomate, Caqui, Melancia, Goiaba, Cereja, Pimentão, Morango e Framboesa.
“Os alimentos pertencentes a esse grupo são também chamados de alimentos quimioprotetores, atuando como fatores de proteção do corpo. Além disso, contribuem na eliminação do estresse oxidativo. Seu consumo diário reduz os riscos de desenvolver doenças como câncer de próstata e de pulmão, além de atuar na prevenção de diabetes, Alzheimer e Parkinson”, afirma a oncologista dra. Daniele Ferreira.

Roxos

Fontes de vitamina B1, nutriente importante para o metabolismo da glucose, os alimentos roxos também contêm os famosos flavonoides. Uva, Berinjela, Amora, Ameixa, Figo, Beterraba, Jabuticaba e até um bom Vinho fazem parte dessa categoria.
Essas delícias são ricas em ácido elágico e quercetina, que diminuem os riscos de ataques cardíacos, retardam o envelhecimento e neutralizam as substâncias cancerígenas antes mesmo de elas atingirem os nossos códigos genéticos. “Os flavonoides contribuem para a manutenção da função cerebral adequada, melhoram o fluxo sanguíneo, retardam o envelhecimento das células e ainda possuem propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, anticancerígenas, anti-hepatotóxica e atividades antimicrobiana e antiviral”, frisa a nutricionista.

Verdes

Espinafre, Alface, Agrião, Abacate, Couve, Abobrinha, Manjericão e Pimentão. Esses e muitos outros alimentos verdes contêm micronutrientes valiosos para a saúde, como ferro, fósforo, clorofila, vitamina A e outras.

Marrons

Esses alimentos maravilhosos também são ricos em selênio, que melhora a disposição mental, e ainda contêm, vitamina E e vitaminas do complexo B – nutrientes vitais para a nossa saúde. Entre os componentes dessa turma estão Aveia, Cevada, Nozes, Centeio, Castanhas, Cereais, Linhaça e Grãos.
“São excelentes fontes de carboidrato complexo e gorduras boas, substâncias que levam mais tempo para serem transformadas em açúcar pelo nosso organismo, promovendo maior saciedade. Eles também melhoram o funcionamento do intestino, combatem a depressão e a ansiedade e previnem doenças crônicas, como Alzheimer, doenças cardiovasculares e diversos tipos de câncer”, conta a nutricionista Paula Pratti.
A nutricionista explica ainda que não podemos deixar de lado certos tipos de gorduras insaturadas presentes nestes alimentos, como os ácidos graxos – o ômega 3 e o ômega 6. “Eles são essenciais na regulação do colesterol para manter uma pele saudável e para o transporte e a absorção das vitaminas lipossolúveis A, D, E e K e dos carotenoides”, finaliza Paula Pratti.

Na Prática

Um prato ideal deve conter no mínimo três cores diferentes para fornecer todos os nutrientes necessários. Priorizar alimentos crus e recém-preparados também é fundamental para evitar que eles percam suas propriedades. “Ao consumir um suco feito três horas antes, ele já perdeu 80% dos nutrientes. Com a correria do dia a dia, uma boa opção é realizar o congelamento instantâneo, que conserva 99% das vitaminas”, diz a nutricionista.

Para aqueles que têm dificuldades em conseguir manter uma refeição diversificada, a dica é começar aos poucos, adicionando uma cor de cada vez, como uma salada crua ou um vegetal cozido, ou ainda misturar o alimento em outras preparações, como um suflê de legumes, por exemplo. “O paladar é adaptável e, aos poucos, criando hábito, o consumo começa a ser ampliado. Outra sugestão é não se deixar limitar e experimentar novos sabores”, frisa Paula Pratti.

Como contribuição na missão de criar um cardápio para o dia a dia, o corpo clínico e equipe de nutrição do Grupo Oncoclínicas elaboraram um guia completo voltado ao público em geral que contribuí para uma alimentação saudável e traz também dicas práticas para pacientes em tratamento do câncer. Essas informações estão disponíveis no www.movimentopelavida.com.br, onde também está disponível para download o ebook, contendo 30 sugestões de receitas.

Fonte: assessoria de imprensa

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