Comer e correr pro banho faz mal? Veja o que os especialistas dizem!
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No Dia Mundial da Saúde Digestiva (29/05), é importante lembrar que o cuidado com o sistema gastrointestinal vai muito além de evitar desconfortos pontuais. Então, segundo a Organização Mundial de Gastroenterologia, cerca de 20% da população global sofre com algum tipo de problema intestinal. Ainda assim, 90% dessas pessoas não procuram orientação médica, recorrendo à automedicação ou simplesmente ignorando os sintomas.
Embora comuns, os distúrbios digestivos costumam ser subestimados — o que favorece o surgimento ou agravamento de condições como prisão de ventre, excesso de gases, infecções intestinais provocadas pelo uso inadequado de medicamentos e doenças crônicas, como a Síndrome do Intestino Irritável (SII).
Nesse sentido, a gastroenterologista e hepatologista Claudia P. Oliveira, da clínica Atma Soma, destaca que o intestino tem um papel fundamental na defesa do organismo.

“Cerca de 80% das células imunológicas vivem no trato gastrointestinal. Isso significa que manter o intestino saudável é também uma maneira direta de fortalecer o sistema imunológico”, afirma a especialista.

Afinal, com tantos palpites populares sobre o funcionamento do intestino e da digestão, é comum que as pessoas sigam práticas sem comprovação científica — e, em alguns casos, deixem de procurar ajuda quando realmente necessário.
Você sabia que é possível ter o intestino funcionando de forma saudável mesmo sem evacuar todos os dias? Ou que aquele antigo alerta para não tomar banho após as refeições pode não passar de uma lenda popular, sem respaldo científico? A seguir, confira os principais mitos e verdades sobre a saúde digestiva:

Quem tem o intestino ‘regulado’ evacua todo dia?

Mito.
Evacuar diariamente não é uma regra para todos. “O funcionamento intestinal normal pode variar bastante entre as pessoas, de três vezes ao dia até duas vezes por semana. O importante é estar atento a mudanças repentinas no padrão ou sintomas como dor e inchaço”, orienta a médica, que também é Secretária Geral Da Federação Brasileira de Gastroenterologia e Professora Associada do Departamento De Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da USP.

Banho depois da refeição faz mal?

Mito.
Não há problema algum em tomar um banho logo após comer. “O que deve ser evitado são exercícios físicos intensos, como nadar ou correr, porque o corpo redireciona o fluxo sanguíneo para os músculos, dificultando a digestão. Mas um banho não oferece risco”, tranquiliza Claudia.

Chiclete demora sete anos para ser digerido?

Mito.
Engolir chiclete ocasionalmente não causa grandes problemas. “Ele não é digerido como os alimentos, mas passa pelo sistema digestivo e é eliminado naturalmente. Só em casos muito raros, o acúmulo de chicletes engolidos pode causar obstruções, especialmente se houver constipação associada”.

Alimentos picantes causam úlcera?

Mito.
Apesar de poderem irritar o estômago em quem já tem o problema, os alimentos apimentados não são a causa das úlceras. “O uso prolongado de anti-inflamatórios, o tabagismo e a infecção por Helicobacter pylori estão entre os principais fatores. E sim, úlceras podem ser graves se não tratadas”, reforça a hepatologista.

Estômago roncando é sinal de fome?

Parcialmente verdade.
“O som que ouvimos, chamado de borborigmo, pode indicar fome, mas também acontece quando há movimentação de gases e líquidos nos intestinos — com ou sem comida presente. É um processo natural do trato gastrointestinal”, explica Claudia.

Dormir mal afeta a saúde intestinal?

Verdade.
“A privação de sono altera a produção de hormônios relacionados à fome e à saciedade, o que pode levar a escolhas alimentares inadequadas e impactar negativamente a microbiota intestinal”, alerta a médica. Uma microbiota equilibrada, segundo ela, está diretamente ligada à imunidade, à absorção de nutrientes e até ao bem-estar mental.

Iogurte ajuda a regular o intestino?

Verdade.
Por ser um alimento fermentado e rico em probióticos, o iogurte pode contribuir para o equilíbrio da microbiota e auxiliar no trânsito intestinal. “Vale sempre buscar versões com baixo teor de açúcar e mais naturais para melhores resultados.”

Colonoscopia é um exame doloroso?

Mito.
Muitas pessoas adiam a colonoscopia por medo, mas, segundo a especialista, o exame é seguro e pode até ser feito com sedação, o que torna o procedimento mais confortável. “O desconforto costuma estar mais relacionado à preparação do que ao exame em si. E ele é essencial para a prevenção do câncer colorretal, especialmente a partir dos 45 anos”.
A saúde digestiva é resultado de um conjunto de fatores — desde a alimentação e o sono até os cuidados preventivos. “Entender o funcionamento do corpo e saber identificar sinais de alerta pode fazer toda a diferença. E mais importante do que seguir regras generalizadas, é respeitar a individualidade de cada organismo”, conclui Claudia P. Oliveira.

Fonte: assessoria de imprensa