Jejuns prolongados além de 72 horas aumentam o risco de infecções graves, arritmias, convulsões e até morte súbita. Além disso, ao retomar a alimentação, pode ocorrer a síndrome da realimentação
A prática do jejum tem se popularizado, especialmente entre quem deseja perder peso ou melhorar o metabolismo. Porém, algumas pessoas acabam passando dos limitem e permanecem muitas horas sem comer, às vezes até mesmo dias, o que pode ter consequências graves. Após um período de 72 horas sem a ingestão de alimentos, já consideramos como jejum prolongado.
Jejuns
Em jejuns prolongados, a perda inicial de peso é sobretudo de água e massa muscular. Após 5 a 6 dias, o corpo passa a usar mais corpos cetônicos e gorduras, mas ainda pode perder 0,3 a 0,6 kg de músculo, pois continua degradando aminoácidos para funções vitais.
Mas os riscos de jejuns prolongados, acima de 72h, vão muito além da perda de peso e massa muscular, incluindo ainda hiponatremia, hipocalemia, hipomagnesemia e hipofosfatemia, que se referem, respectivamente, a baixas concentrações de sódio, potássio, magnésio e fosfato no sangue. Esses quadros podem levar a ocorrência de arritmias, convulsões e morte súbita.
Além disso, ocorre uma imunossupressão, com redução da produção de células T e B, linfopenia (baixa contagem de linfócitos no sangue) e diminuição de mediadores inflamatórios. E a barreira intestinal também enfraquece, aumentando risco de infecções. Entre 5 e 10 dias de jejum, o risco de infecção grave cresce substancialmente.
Inanição
Em 72h, também se inicia a fase de inanição, que pode se estender por semanas, dependendo das reservas energéticas. Após 10 dias, o corpo já está em estado de completa inanição metabólica. O limite para sobrevivência média sem ingestão calórica, mas com hidratação, é de 30 a 60 dias, variando conforme IMC, estado de saúde e ambiente.
Sintomas como confusão mental, sonolência excessiva, tontura, síncope, taquicardia, bradicardia, dificuldade respiratória, palidez extrema, extremidades frias, diarreia ou vômitos persistentes já são sinais que indicam que o corpo está entrando em um estado crítico e requer intervenção médica imediata.
Jejum prolongado
Por fim, vale reforçar que a prática de jejuns prolongados não deve ser realizada, somente sob estrita supervisão médica, pois apresenta riscos relevantes para todos, inclusive para jejuadores habituais. Qualquer jejum que dure mais de 72h deve ser monitorado de perto por um médico.
Fonte: Dra. Marcella Garcez- Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento. Instagram: @dra.marcellagarcez