As baterias, presentes em brinquedos, veículos e celulares, ainda dependem de materiais poluentes como o grafite. Buscando uma alternativa mais sustentável e econômica, uma pesquisa da Universidade Federal de Lavras (UFLA) explora o uso de cascas de café como matéria-prima. Assim, a pesquisa tem a orientação do professor Gustavo Tonoli.
A pesquisa usa a casca de café para substituir o grafite no ânodo da bateria, onde acontecem as reações que produzem energia. Assim como o grafite, a casca é rica em carbono, que representa cerca de 50% da sua composição natural.
Afinal, além de reduzir resíduos da indústria cafeeira, o uso da casca de café incentiva a economia circular e agrega valor aos produtos agrícolas, beneficiando os produtores, explica a doutoranda da UFLA, Ianca Oliveira Borges.
Então, para aumentar o teor de carbono das cascas de café, a pesquisadora realizou a carbonização, aquecendo o material a cerca de 1.300 °C. O processo elevou a composição de carbono para 90% e removeu compostos como celulose e lignina, que poderiam interferir nas reações da bateria.
Assim, apesar dos avanços, a casca de café sozinha não alcançou as propriedades do grafite. Para melhorar o desempenho, a equipe incorporou nióbio, mineral abundante no Brasil, reforçando o objetivo de usar materiais nacionais, explica a doutoranda Ianca Oliveira Borges.
Desse modo, os experimentos com biocarbono de cascas de café e nióbio mostraram melhorias no armazenamento de carga e na durabilidade das baterias. Nesse sentido, a pesquisa pode viabilizar baterias de pequeno porte para brinquedos, celulares e computadores, além de gerar oportunidades em pesquisa, tecnologia e agricultura.
O estudo é desenvolvido em parceria com a Universidade de Toronto, onde a doutoranda Ianca Oliveira Borges realizou doutorado-sanduíche em 2024.
Para finalizar, o professor Gustavo Tonoli, da UFLA, destaca que a internacionalização fortalece a formação de doutores e impulsiona novas linhas de pesquisa em biomateriais na instituição.
Doutorado-sanduíche – Programa de doutorado em que o estudante realiza parte das pesquisas em uma instituição no exterior e retorna para concluir o curso na instituição de origem.
Fonte: Comunicação UFLA
